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domingo, 8 de janeiro de 2017

A Mostra Tiradentes se consolida como um dos principais eventos cinematográficos do país



A 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes se encerou no último fim de Semana, reafirmando a sua vocação de abrir um espaço privilegiado para o “cinema independente”. Houve um tempo em que essa expressão “cinema independente” servia para designar os filmes provenientes de Hollywood, ou de grandes empresas, como a Vera Cruz, a Atlântida ou, quanto a hoje em dia, a Globo. E, mais recentemente a Record, como seu discutido “Dez Mandamentos”.

No entanto,o seu significado mais atual se refere a um cinema de baixo ou nenhum orçamento. Mais precisamente, o tipo de filme que não visa retorno comercial de bilheteria e que, portanto, se permite ousar em termos de linguagem e de temática. Mais ou menos como era o ciclo de obras dos anos de 1960 e 1970 que foi chamado de Cinema Marginal, liderado por nomes como Julio Bressane, Rogério Sganzerla e Andrea Tonacci. Nesta 19ª edição, o festival de Tiradentes deixa bem clara essa origem genética, homenageando Tonacci e exibindo novas criações de Bressane e de Helena Ignez – essa, a herdeira familiar e artística de Sganzerla.


Cena do filme "Jovens Infelizes ou um Homem que Grita não é um Urso"

Essa opção estética (e também ideológica) se manifestou no Júri principal, formado por críticos e professores de cinema. Eles elegeram
o filme “Jovens Infelizes ou um Homem que Grita não é um Urso que Dança”, do paulista de Thiago Mendonça, que focaliza um grupo de jovens ativistas numa cidade convulsionada por manifestações de rua que protestavam contra a realização da Copa do Mundo. Trata-se de uma produção realizada por um coletivo que se intitula a “Cia do Terror”: um grupo comunitário que faz música e teatro, mas que também produz filmes – assim como o Alumbramento, lá do Ceará e o brasiliense comandado por Adirley Queiros, realizador do controvertido “Branco Sai, Preto fica”.

É preciso notar que, em Tiradentes, a competição é organizada em diferentes, digamos, sub-mostras. O júri da Crítica escolhe o melhor entre os cineastas que fizeram no máximo três longas metragens, enquanto os iniciantes, ou seja, os que se encontram em seu 1º longa são julgados por um grupo de estudantes universitários com no máximo 25 anos. Estes escolheram o surrealista “Tropykaos”, do baiano Daniel Lisboa, trama em que o sol aparece como metáfora da violência social.
Assim como a maioria dos títulos em competição, os premiados são filmes de difícil (ou até improvável) aceitação por um público mais amplo. Mas seus realizadores não deverão enfrentar problemas financeiros por causa disso, porque são geralmente produções financiadas por editais. Isto é, com recursos liberados por secretarias de cultura de estados e municípios. Em outras palavras, dinheiro público e, por isso mesmo, curto, controlado e modesto. Amanhã, continuaremos a analisar a Mostra de Tiradentes, que vem se firmando como um dos mais importantes eventos cinematográficos do país. Ate lá!

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