Encontre o que precisa buscando por aqui. Por exemplo: digite o título do filme que quer pesquisar

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

"Trapaça" de David O. Russell é um ponto alto da comédia americana no cinema.

Em “Trapaça”, o diretor e roteirista David O. Russell comprovou o seu prestígio com um dos grandes nomes da comédia no cinema americano. Há pouco tempo vimos o drama “O Vencedor” (2010), que rendeu Oscars para Christian Bale e para Melissa Leo. Depois disso, ele lançou a surpreendente comédia “O Lado Bom da Vida” (2012), que trouxe um Oscar para Jennifer Lawrence. Recomendamos, no entanto, que se recorra a uma locadora de DVDs para ver um de seus melhores e mais ousados trabalho recentes e que, apesar disso, não foi lançado nos cinemas. Trata-se de “Huckabees: A Vida é Uma Comédia” (2004) com um elenco superestrelado incluindo Dustin Hoffman, Lili Tomlin, Jude Law, Naomi Watts e Isabelle Huppert. 
Desta vez, em “Trapaça”, ele elege como tema o escândalo conhecido como Abscam, ocorrido o final da década de 1970, em que um policial disfarçado de sheik árabe oferecia suborno a um grupo de políticos, com a ajuda de um vigarista condenado e constrangido a colaborar com o FBI. Esse escroque é o papel de Christian Bale que, aliás, Robert de Niro não reconheceu ao vê-lo entrar no set de filmagem, com uma peruca ridícula e quase 20 quilos acima do peso. 
Ele que tinha emagrecido mais de 30 para “O Vencedor”, contraiu uma hérnia de disco graças a esse efeito sanfona. O esforço, porém, valeu para enriquecer a sua caracterização e enfatizar a química com a parceira de golpes e malandragens, interpretada com maestria por Amy Adams (“Encantada”, 2007) e com a própria esposa, numa esfuziante interpretação de Jennifer Lawrence (“Jogos Vorazes”, 2012).
Esse trio sustenta com galhardia toda a comicidade e o colorido dos diálogos e das peripécias em que a dupla se envolve. Por sua vez, Jeremy Renner (“Guerra ao Terror”, 2008) faz um daqueles vários políticos grampeados na época por corrupção, inspirando-se na figura real de um prefeito de New Jersey que foi para a cadeia e morreu no ano passado, portanto, poucos meses antes do lançamento de “Trapaça”. Na esteira de uma temática que era a predileta do célebre Orson Welles (“Verdades e Mentiras”, 1973) sempre fascinado por falsários, imitadores e ilusionistas, o filme gira em torno das ideias de ilusão e falsidade. 
O casal de protagonistas, aliás, também vendia quadros falsos, obedecendo à máxima de que “as pessoas enxergam nas coisas aquilo que elas querem ver”. E para Russel talvez seja esse o dado essencial para explicar o encantamento produzido pelas obras de arte. Para demonstrar o quanto o diretor David Russel é detalhista, esses personagens são fanáticos por um álbum de jazz chamado “Duke Ellington Live at Newport”, que é um falso disco ao vivo. Na verdade, esse LP foi gravado num festival, mas Ellington não aprovou a qualidade do resultado e regravou a maioria das faixas em estúdio. Era, portanto um artista falsificando a sua própria obra, para vendê-la aos seus milhares de fãs, que nunca deixaram de admirá-lo por causa disso. Ou seja, um caso de refinada enganação em massa, que Orson Welles adoraria filmar.

TRAPAÇA 
American Hustle 
EUA, 2013, 138 min, 14 anos,
estreia 05 02 2014

gênero comédia/ policial/ história

Distribuição Sony Pictures
Direção David O. Russell
Com Christian Bale, Bradley Cooper, Amy Adams, Jeremy Renner

COTAÇÃO
* * * *

Ó T I M O

Um comentário:

Maxwell Soares disse...

Olá, Luciano. Tô com este filme em minhas mãos. Só falta mesmo criar vergonha na cara e vê-lo. Um abraço...