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sábado, 23 de fevereiro de 2013

O Programa Cinema Falado, no OSCAR!

Amanhã, durante toda a cerimônia do Oscar, estarei ao vivo na Rádio Estadão (FM 92,9 e AM 700) comentando os prêmios. Vou levar o notebook e ficarei plugado. Aguardo a participação de vocês...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

"O amante da rainha": um caso de amor impossível e uma ideologia inviável


Na segunda metade do século 18, as monarquias da Europa foram afetadas pela difusão das ideias racionais do iluminismo. Os textos de Voltaire, Diderot e Rousseau se espalhavam como vírus por todas as nações e classes sociais daquele tempo. Chegaram até o Brasil, para servir de combustível ideológico na Inconfidência Mineira e outras revoltas contra o colonialismo. No velho continente elas funcionaram como estímulo para o chamado “despotismo esclarecido”, em que vários monarcas reformaram os seus regimes absolutistas aplicando, ou fingindo aplicar, aqueles ideais que já tinham se transformado em lei nos sistemas políticos da Inglaterra e dos Estados Unidos. Diversas tentativas de modernizar o chamado “antigo regime” foram instituídas em Áustria, Prússia, Rússia, Portugal, França e até na Dinamarca. 
Esse é o tema de “O amante da rainha”, dirigido pelo jovem e promissor Nikolaj Arcel, o roteirista de “Os homem que não amavam as mulheres” (2009), tão bem sucedido que foi refilmado em Hollywood dois anos depois com Daniel Craig. Interpretado pelo carismático Mads Mikkelsen – que foi herói em “Depois do casamento” (2006) e vilão em “Cassino Royale” (2006) – o personagem central é um médico alemão e iluminista que ganha a confiança do rei Cristiano VII da Dinamarca e se transforma numa espécie de primeiro ministro reformista, mas acaba se tornando politicamente vulnerável ao se envolver afetivamente com a rainha Caroline Mathilde, de origem inglesa e, portanto, de mentalidade mais aberta a antenada com o seu tempo. 
O papel é da encantadora atriz sueca Alícia Vikander, que veremos em breve no elenco de “Ana Karenina” (2012) de Joe Wright e Tom Stopard. Além de uma tocante história de amor impossível e de uma reconstituição de época científica, em sua precisão e total ausência de charme, o filme revela em detalhes a mecânica das articulações palacianas e a arquitetura do poder em movimento. Numa monarquia de pequeno porte como aquela, as regularidades da política descobertas por Maquiavel ficam mais fáceis de serem observadas. Assim como as leis da física se mostram mais visíveis numa maquete de laboratório. Seria o caso de amor entre a rainha e o médico plebeu tão inviável quanto a utopia do Iluminismo segundo a qual o absolutismo monárquico poderia ser reformado pela força da razão?
O AMANTE DA RAINHA 

En Kongelig Affære 
Dinamarca, 2012, 137 min, 14 anos

estreia 08 02 2013
gênero docudrama/ história
Distribuição Vinny Filmes

Direção Nikolaj Arcel 
Com Mads Mikkelsen, Alicia Vikander, Mikkel Boe Folsgaard 
COTAÇÃO

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Ó T I M O

"O vôo" traz Denzel Washington concorrendo ao Oscar, numa poderosa atuação.


“O voo” tem a competente direção de Robert Zemeckis, da série “De volta para o futuro”, e Denzel Washington no papel de um piloto de aviação comercial alcoólatra. Este é um dos papéis mais fortes de sua carreira, porque vem calcado na ambiguidade e marcado pela negação de qualquer maniqueísmo – o que certamente justifica a sua indicação para o Oscar 2013, na categoria melhor ator. Se não fosse a arrasadora presença de Daniel Day Lewis na competição, poderíamos supor que Washington apresentaria a melhor chance de vitória. O charme pessoal do astro de “Dia de Treinamento” (2001) se mostra intacto, mas agora a serviço do mascaramento de uma série de falhas de caráter. 
O filme tem outro indicado ao Oscar, que é o jovem roteirista John Gatins, bastante hábil em manter o equilíbrio entre os aspectos negativos e positivos que marcam a trajetória do personagem central. Tão difícil quanto pilotar um avião quebrado é escrever um roteiro a partir de um protagonista desprovido de vontade própria como este. De um lado, ele se comporta como herói, ao conseguir a proeza de controlar um avião em queda provocada por uma série de defeitos mecânicos e, assim, salvar dezenas de vidas – menos a da comissária com quem passara a noite anterior. De outro, revela-se escravo do vício, ainda que orgulhoso o bastante para sequer reconhecer esse fato. 
Durante o fatídico voo, ele se achava completamente alcoolizado, mas disfarçara a embriagues cheirando cocaína. Essa figura controversa procura obter alguma identificação com o público ao alternar gestos de grandeza – como proteger uma atriz viciada em heroína de alguém que a brutalizava – com atitudes covardes, como planejar a fuga do país e da investigação sobre o acidente num velho monomotor Cessna guardado na fazenda do pai. O suspense do filme se concentra na possibilidade dele definir-se de vez como um calhorda, ou assumir a sua verdadeira condição humana.

O VÔO
Flight 
EUA, 2013, 138 min, 14 anos
estreia 08 02 2013
gênero drama/ moral/ suspense
Distribuição Paramount Pictures
Direção Robert Zemeckis 
Com Denzel Washington, Don Cheadle, Kely Reilly 
COTAÇÃO
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B O M

domingo, 3 de fevereiro de 2013

“Os Miseráveis” traz para o cinema o musical baseado no romance de Vitor Hugo.


Indicada para 8 Oscars, a mega produção “Os Miseráveis” é a adaptação para o cinema de um musical da Broadway baseado em obra imortal de Vitor Hugo. O diretor é Tom Hooper, que fez “O Discurso do Rei” e o elenco tem figuras carimbadas como Hugh Jackman, Helena Bonham Carter, Anne Hathaway, Russel Crowe e Sacha Baron Cohen. Detalhe: o espetáculo é totalmente cantado, do princípio ao fim, menos duas ou três frases durante o filme inteiro. No começo a gente estranha, mas depois vai se acostumando com o estilo e acaba admirando as belas atuações e as imagens impressionantes, além de perceber que esse modo de contar a história tem tudo a ver com a carga emocional do romance. De um lado ele coloca os miseráveis de uma França do século XIX e, de outro, o estado, na pessoa de um inspetor de polícia interpretado por Russel Crowe. 
Faz parte do enredo a revolução francesa de 1830, na qual pela primeira vez na história, os ideais socialistas foram colocados. Naquele ano, uma onda revolucionária atingiu vários países da Europa (Polônia, Bélgica, Itália, Alemanha, Espanha e Portugal) e chegou até o Brasil, influenciando a derrubada de Dom Pedro I que foi levado a abdicar do trono, com a instalação de uma monarquia constitucional no país. Sabiamente Tom Hooper se inspirou na pintura romântica da época, principalmente em Delacroix e Gustaff Wappers (abaixo), para compor os blocos de personagens em sua encenação das atividades revolucionárias, como na passagem das barricadas de Paris. 
De resto, temos o desafio de associar as linguagens do cinema e do teatro de ópera que são geralmente inconciliáveis. No palco de um teatro, o artista precisa projetar a voz e enfatizar os gestos, para atingir até o espectador sentado a última fila. Já no cinema é a lente da câmara e o microfone que amplificam a imagem do cantor ou ator, aproximando-a da plateia. Diretor e artistas saem ilesos dessa complicação e, especialmente Anne Hathaway, conseguem desenvolver interpretações dramaticamente excepcionais.

OS MISERÁVEIS
Les Misérables
Reino Unido, 2013, 157 min, 10 anos
estreia 01 02 2013
gênero musical/ drama/ história
Distribuição: Paramount
Direção: Tom Hooper
Com Hugh Jackman, Helena Bonham Carter, Anne Hathaway
COTAÇÃO
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Ó T I M O

Prêmios para os melhores: no Festival de Tiradentes e a escolha dos críticos.


A Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Abraccine, anuncia os ganhadores no seu segundo prêmio anual de Melhores Filmes do Ano. “Febre do Rato”, do pernambucano Cláudio Assis, ganhou na categoria melhor Longa Brasileiro; o iraniano “A separação”, de Asghar Farhadi, melhor Longa Estrangeiro; e “O duplo”, de Juliana Rojas, Melhor Curta. Fundada em julho de 2011, a Abraccine conta com 90 associados, em 15 estados do país. Além de participar com júris próprios em diversos festivais nacionais, a entidade tem por missão promover formas de pensamento crítico, reflexão e debate sobre o Cinema. 
"Os Dias com Ele", que é o longa-metragem de estreia da carioca Maria Clara Escobar foi o grande vencedor da 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes (abaixo). Trata-se de um documentário que foi eleito o Melhor Filme pelo Júri da Crítica e pelo Júri Jovem. A novidade na premiação nesta edição da Mostra de Cinema de Tiradentes é uma parceria inédita com a Divisão de Promoção do Audiovisual do Ministério das Relações Exteriores que possibilitou a concessão do Prêmio Itamaraty no valor de R$ 50 mil para o vencedor. Em nove dias de programação, a 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes reuniu cerca de 35 mil pessoas, o que atesta a vitalidade deste que vem se tornando o mais importante evento de cinema de Minas Gerais e um dos mais sérios do Brasil.

Um pequeno grande filme de um diretor excepcional: "O lado bom da vida"


Nesta semana, entra em cartaz “O Lado bom da vida”, indicado para 8 Oscars, a mesma quantidade da superprodução “Os Miseráveis”. Só que esta comédia nada tem de super. É um projeto modesto, quase intimista de David O. Russel, cineasta bissexto, aliás, um dos mais inteligentes de Hollywood que, em 2004, fez a antológica “A vida é uma comédia”, que só ficou uma semana em cartaz, mas pode ser encontrada em DVD. O conceito que ele ironicamente criou para designar aquele gênero de filme valeria também para este. Isto é, “comédia existencial”. 
O roteiro assume a sua própria simplicidade sem medo de se aproximar de uma narrativa de autoajuda, mantendo, porém uma nítida diferença em relação a esse tipo de produto. Principalmente por meio de um diálogo minimalista em que quase nada é dito de modo substantivo. O que vale mesmo é o contraste entre o que os personagens realizam e aquilo que se espera deles. A grande figura em cena é a emergente Jennifer Lawrence, de “Inverno da Alma” (2010) e “Jogos Vorazes” (2012), fazendo uma viúva desequilibrada que busca compensação para a sua perda. 
O protagonista, no entanto, é Bradley Cooper, da série “Se beber não case” (2009 e 2011), no papel e um rapaz bipolar que sai da casa de repouso e volta morar com o pai. Este é vivido por Robert De Niro que, pela primeira vez em vários filmes, desiste de apenas interpretar ele mesmo e se entrega a uma atuação espontânea. A comédia ganha corpo quando se percebe que os que estavam internos na clínica não são mais esquisitos que os que se acham fora dela. 
O LADO BOM DA VIDA 
Silver Linings Playbook
EUA, 2012, 122 min, 14 anos
estreia 01 02 2013

gênero comedia existencial
Distribuição Paris Filmes
Direção David O. Russel
Com Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro
COTAÇÃO
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Ó T I M O