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sábado, 28 de agosto de 2010

Post Scriptum sobre o comentário a respeito de "Destinos Ligados", postado em 17 de agosto

Me perguntaram porque considero Rodrigo Garcia um bom diretor. Principalmente porque estebelece uma mise en scène em que se produzem significados, além daquilo que se acha escrito no roteiro. Evita longas e reiterativas conversas para explicar o que acontece, ao deixar que os gestos e olhares forneçam as informações visuais necessárias ao entendimento das cenas. Às vezes um único olhar por parte do intérprete consegue dizer tudo sobre o personagem. A primeira sequencia, por exemplo, já é notável pela concisão narrativa. Num primeiro quadro um casal de adolescentes se beija. Corta para a moça já grávida. Logo na terceira tomada, ela dá á luz uma criança. Em todas as etapas, sem recorrer a diálogos, a direção evidencia a perplexidade no rosto da garota. Primeiro em relação ao próprio sexo; em seguida, à gravidez, ao parto e, acima de tudo, ao peso da maternidade. Numa ironia final, vemos que cartas jamais abertas pelos destinatários se mostram mais eloquentes do que seriam se chegassem a ser lidas. Isso basta, ou não?

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