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terça-feira, 29 de junho de 2010

"Vittorio De Sica - minha vida, meu amores" celebra o gênio e revela o homem

Quem gosta mesmo de cinema não deve perder o documentário “Vittorio De Sica – Minha Vida Meus Amores”, dirigido por Mario Canale, autor de obras sobre Marco Ferreri e Marcelo Mastroianni. A estrutura do filme é tradicional, iniciando-se com o que se chama de “escalada” precedendo a abertura, ou seja, uma seleção das frases mais marcantes de cada um dos entrevistados. Eles são muitos e importantes, como Woddy Allen, Kean Loach, Paul Mazursky, Mario Monicelli, Ettore Scola, Dario Fo, Sophia Loren, Clint Eastwood, Tonino Guerra, Shirley MacLaine, o crítico Leonard Maltin e até Federico Fellini.
O monumental cineasta que ajudou a transformar o cinema internacional como um dos criadores do neo-realismo italiano é mostrado em seus múltiplos aspectos: o ator, o cantor de cabaré, o cômico de teatro de revista e o diretor generoso que nunca ganhou um Oscar, ainda que o tenha embrulhado de presente para atrizes como Sophia Loren (“Duas Mulheres”, 1960).
Os filhos também são testemunha dessa generosidade e igualmente das suas manias domésticas, algumas até perversas, como a de obrigá-los a interpretar papéis de adultos nas festinhas de família. O filme atribui dimensão humana a certos mitos, contando que o neo-realismo (chamado pelo produtor Dino de Laurentis de “o cinema dos pobres”) só se manifestou por causa da falta de recursos. Filmava-se na rua com atores não-profissionais porque não havia como alugar estúdios e contratar estrelas. Foi aí que De Sica se destacou, por ter aprendido a não desperdiçar tempo e nem película, filmando tudo certinho logo na primeira tomada. O inglês Ken Loach observa que foi a primeira vez em que a classe proletária ganhava papéis de protagonista no cinema europeu. De Sica era admirado por todos. Tanto que o temido primeiro ministro Guido Andreotti de direita esbravejava contra ele – “na Itália não existem apenas ladrões de bicicletas” –, mas assim mesmo o respeitava.
Por outro lado, o documentário revela dados incômodos, como o vício do jogo, o perigoso calcanhar de Aquiles que o acompanhou por toda a vida e foi responsável por uma longa trajetória de dificuldades financeiras. Dependência que vimos transfigurada em autocrítica na comédia “Ouro de Nápoles” (1954) – exemplo perfeito de como ele nos sugeria levar a vida de um modo mais ligeiro e descompromissado. Mais polêmicos são os tapas que dava no rosto do garoto Enzo Staiola, para que ele chorasse pra valer diante das câmaras em “Ladrões de Bicicleta” (1948. A propósito, o roteirista Tonino Guerra o define como um diretor que conduzia tudo com “uma mão mais leve e… mais alta”.

VITTORIO DE SICA – MINHA VIDA, MEUS AMORES
Vittorio D
estreia 02 de julho 2010
Itália, 2009, 92 min, livre.
Gênero Documentário
Distribuição Art Filmes
Direção Mario Canale
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO

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