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terça-feira, 26 de maio de 2009

“Budapeste”, intrigante jogo de espelhos proposto e resolvido por Chico Buarque

Talvez por ter se baseado num best-seller escrito por Chico Buarque, muita gente mostra certo cuidado ao comentar o filme. O fato é que algumas de suas propostas básicas não funcionam. No cinema, o personagem central parece mais livresco que no romance: como acreditar num ghost-writer que renega a sua profissão em português, para depois abraçá-la novamente em húngaro? Um escritor de aluguel (Leonardo Medeiros) que, por orgulho ou vaidade, repudia o anonimato e, por isso, cai em desgraça – por duas vezes, no Brasil e na Hungria. E, no meio do caminho, come o pão amassado pelo diabo (aquele que só respeita o idioma húngaro, como se diz no filme), sofrendo as dores do seu próprio parto como um carioca renascendo em Budapeste.
Parece mais uma figura de fábula, ou o Sisifo do mito grego, ou seja, seres simbólicos, que não possuem vida própria. Apenas representam determinadas características humanas. Chico Buarque aparece no final, pedindo para o personagem de Leonardo Medeiros autografar o livro que ele mesmo escrevera. Quem representa quem? Qual seria a “moral” da história? Talvez o criador anseie por experimentar um trago de anonimato, e aí então percorrer o caminho de sua criatura. Talvez pretenda, como sugeriu um crítico de literatura, mandar seu próximo romance para a editora sem assinatura e só revelar a identidade do autor depois do trabalho ser aceito.
O filme é no fundo uma reunião de curiosidades: uma co-produção Brasil/Hungria, metade filmada em Budapeste, que é uma cidade visualmente deslumbrante; essa metade é falada em húngaro, idioma do qual só se conhece a palavra “goulasch”; lá em Budapeste, a habilidosa e experiente produtora e roteirista Rita Buzzar encontra (de verdade) uma estátua em homenagem ao “escritor desconhecido”, que é a idéia central da história; o samba “Feijoada Completa” é cantado em húngaro; numa barcaça, uma imensa estátua de Lenin desce desmontada pelo rio Danúbio... Seria a mesma que por ali deve ter passado há mais de 20 anos? Ou teria sido feita de papelão, por uma escola de samba local? Enquanto a voz em off do protagonista decreta “devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira”, me defendo: isso não é deboche, é só brincadeira...

Budapeste
Direção Walter Carvalho
Distribuição: Imagem filmes
Brasil - 2009
Estréia 22/05/2009
Gênero drama
Com Giovanna Antonelli, Leonardo Medeiros, Paulo José

“Uma Noite no Museu 2” supera o primeiro da série, em bilheteria e em qualidade.

O filme vem fazendo sucesso de público porque é, de fato, melhor que o primeiro da série. Principalmente porque não perde tempo e nem energia para montar uma justificativa de plausibilidade para a premissa do filme que é totalmente fantasiosa e sobrenatural: um guarda noturno de museu (Ben Stiller) tem a capacidade de, com a sua simples presença, fazer com que as figuras expostas no museu de história natural de Nova York adquiram vida – pelo menos durante a noite. Assim, não apenas o esqueleto de dinossauro, mas uma réplica das estátuas da ilha de Páscoa e todos os animais empalhados passam a se movimentar. O personagem interage mais com as imagens em cera de seres humanos, como os trogloditas, egípcios, mongóis, indígenas etc encarregadas de ilustrar os diversos modos de vida do planeta. E com uma estátua eqüestre de Teddy Roosevelt, interpretada por Robin Williams. (foto acima)
Desta vez a magia rola mais solta, como nas revistas em quadrinhos que não precisam mais explicar de onde vêm os poderes do Homem Aranha, ou do Hulk, nem repetir a origem da dupla identidade do Batman. Para variar, esta aventura acontece em Washington, no museu Smithsonian, com as melhores seqüências do filme: a célebre estátua de Abraham Lincoln sentado se levanta e interfere na trama. As pinturas e fotografias expostas também ganham vida, o que permita novas piadas. Outra novidade agora é o quase namoro entre o vigia e uma estátua de Amelia Earhart, uma das pioneiras da aviação americana (Amy Adams, na foto abaixo). Este é um espetáculo radicalmente infantil, até porque não pode haver relacionamento mais platônico e assexuado do que este. E porque quem se beneficia mesmo com o filme é o público infantil, que é estimulado a prestar atenção nessas instituições, tão importantes e tão pouco divulgadas, que são os museus.

Uma Noite no Museu 2
Night at the Museum 2: Escape from the Smithsonian
Direção de Shawn Levy
Distribuição Fox Films
EUA/Canadá - 2009
Gênero aventura infantil
estréia 22/05/2009
Com Amy Adams, Ben Stiller, Robin Williams

segunda-feira, 18 de maio de 2009

“Ninguém Sabe o Duro que Dei” recebeu Menção Honrosa no Festival É Tudo Verdade.

Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal fizeram um documentário digno dos prêmios e elogios recebidos. Um trabalho reflexivo e de investigação que, acima de tudo emociona. Não é possível manter os ouvidos e a alma indiferentes àquele talento recuperado pelas gravações de arquivo. Especialmente as da Record, que tornam presente o tempo em que Wilson Simonal (1939-2000) arrasava ao lado de Elis Regina e Sara Vaughan e se mostrava um líder carismático ao reger 30 mil pessoas num coral dionisíaco no Maracananzinho. Era o melhor intérprete de seu tempo, mas isso não impediu que cometesse as maiores besteiras que alguém poderia fazer consigo mesmo. Gente confiável, como Pelé, Nelson Motta, Miéle, Artur da Távola, Chico Anísio, Sergio Cabral e Ricardo Cravo Albin analisam o que aconteceu e defendem a versão pela qual, na verdade, ele não era informante do SNI e praticara uma bravata errada, na época errada. Ao lado de José Bonifácio de Oliveira (o Boni da Globo), Ziraldo e Jaguar (que dirigiam O Pasquim, quando Simonal se envolveu numa catastrófica auto-calunia) só não pedem desculpas, mas se explicam, argumentando que, na época dolorosa da ditadura, os ânimos se polarizavam.“Se a direita era perversa, a esquerda era intransigente”, argumenta Ziraldo, para justificar a “espinafração” do semanário sobre o cantor. Não era possível o meio-tom, nem uma interpretação relativista das coisas. E o Boni releva que as emissoras de TV lavaram as mãos, mas os músicos e os diretores de programas o condenaram ao ostracismo.
Por sua vez, os realizadores do documentário não quiseram fazer uma pilantragem com o tema e foram entrevistar até o contador que deu origem à destruição do ídolo. Apesar de fazer mais de 300 shows por ano, em vários países, e rivalizar em popularidade com o próprio Roberto Carlos, um dia Simonal foi informado que estava financeiramente quebrado. A reação desastrada e truculenta foi contratar dois gorilas para uma surra no suposto ladrão. Acontece que eles eram do DOPS e foi assim que se iniciou a sua vertiginosa decadência. Também são ouvidos o músico Sabá (que trabalhava com ele), a esposa e os dois filhos (Max de Castro e Simoninha) e aí a emoção é incontrolável. Mais do que um volumoso coral de opiniões, com seus prós e contras, preferiu-se escolher as vozes exatas e dotadas de credibilidade para contar essa história triste. Todas emolduradas uma que suplanta as demais em afinação, timbre e balanço: a mais bela voz de cantor popular que o Brasil já teve.
Ninguém Sabe o Duro que Dei
Estréia 15/06/2009
Direção de Claudio Manoel
(do grupo Casseta & Planeta),
Micael Langer e Calvito Leal
Brasil - 2008
Premiado no Festival É Tudo Verdade

“A Garota Ideal”, promissora estréia de um diretor de comerciais: Craig Gillespie.

Inicialmente, pode parecer uma bobagem, mas o filme vai crescendo à medida que nós, e os demais personagens, entramos no jogo aparentemente psicopatológico do protagonista: um rapaz solitário por decisão própria que, cansado de recusar as moças que parentes e colegas tentam empurrar para ele, compra uma boneca inflável. Não se trata de uma daquelas comédias rasteiras sobre a complicada sexualidade da juventude americana, como “O Virgem de 40 Anos” (um vacilo de Steve Carell) e outras grosserias. Seria um caso corriqueiro, se o jovem não se comportasse como se o brinquedo de plástico fosse gente. Dá-lhe nome, personalidade e até um temperamento. Compra-lhe roupas e anda com ela pela cidade, apresentando-a para a família e para os amigos.
A princípio horrorizados, estes resolvem seguir o conselho de uma médica vivida pela competente Patricia Clarkson e também passam a “se relacionar com ela”. O ator Ryan Gosling (“Um Crime de Mestre”) consegue se manter numa corda bamba, ora parecendo ter convicção da sua loucura, ora dando a impressão de que está fingindo e tentando ensinar alguma coisa para as pessoas próximas a ele. Mais ou menos como Selton Mello, em “A Mulher Invisível” de Claudio Torres, marcado para estrear em 05/06/2009. O fundamento dos dois roteiros é quase o mesmo, só mudando a maneira como eles se desenvolvem. Aliás, é curiosa essa proximidade nas datas de lançamento destes dois filmes.
“A Garota Ideal” pode ser visto como uma parábola sobre a solidão humana ou, melhor ainda, sobre e a dificuldade das pessoas se suportaram, como reza a máxima sartreana de que “o inferno são os outros”. No entanto, é preferível encará-lo como uma fábula a respeito da solidariedade social, ou o experimento (ficcional, claro) de um processo de psicoterapia promovido por toda uma coletividade. Porque, afinal, a história se passa numa pequena cidade, meio isolada dos centros mais populosos, onde todos se conhecem. E toda a população se engaja nesse “relacionamento amoroso” que, de resto, evolui e se transforma − como verão aqueles que levarem a sério este comentário.
A Garota Ideal
Lars and the Real Girl
EUA - 2007
(estreia 15/05/2009)
distribuição California
Direção de Craig Gillespie
Ryan Gosling, Patricia Clarkson,
Emily Mortimer, Paul Schneider

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Em “Desejo e Perigo”, Ang Lee se supera em relação ao próprio "Brokeback Mountain".

O filme se passa na China, durante a Segunda Guerra, quando os japoneses tinham grande influência no governo local e, praticamente, dominavam o país. Por sua vez, os comunistas agiam em grupos isolados, ainda distantes do poder. Um desses grupos é formado por estudantes de teatro que planejam executar um membro do governo ligado ao Japão, vivido por Tony Leung (“Amor a Flor da Pele” - na foto abaixo), um dos atores prediletos de Won Kar Wai. Como todos são filhos de gente abastada, a idéia é preparar uma garota integrante do grupo para se aproximar como amiga da esposa do alvo (interpretada com a classe de sempre por Joan Chen) e, posteriormente seduzi-lo, para facilitar a sua execução. Alugam uma casa num bairro elegante e preparam uma encenação em que a bela mulher será protagonista absoluta.
Com todo o requinte artesanal que o caracteriza, o detalhista Ang Lee prepara a jovem atriz de TV Tang Wei (fotos acima e abaixo), novata em cinema, para o complexo papel de uma menina que, por motivos ideológicos, se transforma numa Mata Hari. Meio trágica e meio cômica é a sua necessária iniciação sexual, quase cirúrgica, por meio de um colega do grupo por quem não sentia qualquer afeto. Na verdade ela nutre uma ligação de amor platônico com o lider da célula rebelde, interpretado por Leehom Wang, um rapaz novaiorquino que só começou aprender a falar chines aos 17 anos, e hoje é o mais celebrado ídolo da música pop asiática: seus 12 álbuns venderam mais de 10 milhões de cópias.
Como ela se fazia passar por uma mulher casada e insatisfeita como o marido sempre em viagens de negócios, não poderia manter a própria virgindade. Mais cedo ou mais tarde, o político colaborador com os japoneses a ser eliminado a levaria para a cama e aí ela, deveria aparentar prazer e paixão. Essa breve sinopse, no entanto, vale como as cartas colocadas à mesa de um jogo dramático que surpreende a cada minuto. O roteiro se baseia num conto de Eileen Chang (1929-1995), uma das escritoras mais populares do oriente e cinéfila confessa.
Ang Lee percebeu uma atmosfera cinematográfica nas entrelinhas da história, identificando uma forte presença de Hitchcock em “Um Corpo que Cai” (1958), com todo aquele jogo de ambigüidades e aparências que se anulam mutuamente. Mas preferiu o clima de “Suspeita” (1941), em que vítima e algoz parecem se amar de fato. Tanto assim que o clímax de “Desejo e Perigo” acontece exatamente durante o lançamento daquele filme em Xangai. Os personagens até entram no cinema em que o espetáculo estrelado por Cary Grant e Joan Fontaine se acha em exibição.
Mas a imagem abaixo remete irresistivelmente à preparação do ator teatral para a entrada em cena. No teatro tradicional da China e do Japão, a maquiagem serve tanto para exprimir a intenção das personagens quanto para esconder os sentimentos do ator.
A influência do cinema ocidental, digamos, clássico é, portanto, inegável. Mas o que o diretor consegue obter dos intérpretes evidencia o seu estilo essencialmente minimalista, em que uma leve mudança de olhar pode sugerir turbilhões emocionais. Como enuncia o personagem de Tony Leung, a emoção que ali predomina é o medo. Num elogioso ensaio clássico de 1929 sobre o teatro oriental, o pensador e cineasta soviético Sergei Eisenstein se admirava com o papel dos elementos cênicos que, no ocidente se limitavam a emoldurar o drama:
“Voz, palmas, música, mímica, gritos do narrador e painéis coloridos são como os jogadores passando um para o outro a bola dramática e dirigindo-se para o gol, que é o atônito espectador” Como se tivesse essa observação como lema, Ang Lee nos oferece três motivos para embarcar nessa tragédia erótica e política admiravelmente construída.
O primeiro é a música do francês Alexandre Desplat (“O Curioso Caso de Benjamim Button”), com destaque para uma cena inesquecível, em que se organiza um confronto dramático e sensual entre a música chinesa e a japonesa. Lembram-se de Tchaikovsky na abertura “1812”, fazendo os hinos da Rússia e da França se chocarem? Depois, temos a fotografia do mexicano Rodrigo Prieto (“21 Gramas”), que “veste” os corpos nus e os rostos em close com sombras e cores enunciadoras de sentimentos indizíveis. E finalmente a direção de arte e figurinos de Lai Pan, que deu plena visualidade à Xangai dos anos 40 e seus habitantes. A trama poderia até se encaixar no modelo de film-noir predominante na época em que ela se ambienta. Como foi o trabalho de Harry Stradling Sr em “Suspeita”. Um excesso de sombras poderia até facilitar a produção, permitindo um figurino e uma cenografia apenas sugestiva. Mas o que vemos em “Desejo e Perigo” uma cidade solar e repleta de luz – o que nos obriga a enxergar os personagens e o mundo em que se movimentam por inteiro, sem meios tons, como se estivéssemos olhando pela janela de nossa casa.
Desejo e Perigo
Lust, Caution
(2007, China / EUA )
Leão de Ouro em Veneza 2007
estréia 15 /05/ 2009
distribuição Europa Filmes
Direção de Ang Lee
Com Tony Leung, Tang Ewi,
Chiu Wai e Joan Chen

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Cine PE - uma sessão em que os curtas superam o longa em matéria de qualidade

Numa noite em que os curtas ofereceram mais e melhor cinema que o longa, o documentário musical "Nós Somos um Poema" dos cariocas Sergio Sbragia e Beth Formaggini chamaram atenção para uma parceria de Vinicius de Morais que talvez tenha sido seminal para explicar toda a transformação da MPB a partir de meados no século passado: a que foi estabelecida com Pixinguinha, por meio do filme "Sol Sobre Lama"(1963) de Alex Viany que, por sua vez, se localiza na raiz do que foi o cinema novo. Mais uma vez se confirma a idéia de que as origens da bossa nova estão ligadas às mudanças estéticas e culturais proposta pelo cinema brasileiro em vulcânica evolução. Na qualidade de curta, o filme traz depoimentos curtos e muito bem posicionados, como o de Gessy Gesse, uma das atrizes que anos depois se casaria com Vinícius e abriria os portais do poeta à sua fase baiana, apresentando-o a Mãe Menininha do Gantois. Com Pixinguinha (segunda foto abaixo), ele já tentava compor uma canção de referência yorubá em homenagem a Yemanjá, mas, que pecava pelo refrão que incluia a saudação umbandista "saravá".
Aliás, toda a safra dos afro-sambas que ele faria com Baden Powell se ressentia de uma aproximação mais íntima profunda com as casas de culto da linha ketu (com toda bagagem rítmica e melódica dos alabês tradicionais de candomblé) que ele só absorveu na fase Toquinho, a partir do que a saudação aos encantados étnicamente correda passava a ser "motumbá". Além de cenas de arquivo inéditas e surpreendentes, outro aspecto artísticamente ousado, especialmente para um curta, é a reconstituição de algumas gravações (na foto acima) daquela histórica trilha sonora da qual fizeram parte Elza Soares e outras entrevistadas, como as mineiras do Quarteto em Cy.
Também surpreendeu o curta "Os Sapatos de Aristeu", de Luis René Guerra, formado pela FAAP de São Paulo. Pela requintada fortografia em branco e preto e pela inquietante sugestão do funeral de um travesti. Justamente pelo comportamento da mãe e da irmã dele, interpretadas por Bertha Zemmel (foto abaixo) e Denise Weinberg. Pelo nome delas e pelo modo como prepararam o enterro, na linha da tradição judaica.
Já o longa-metragem "Praça Saens Peña" de Vinicius Reis decepcionou, por causa da má qualidade da cópia apresentada, que proporcionou uma projeção escura demais, e por conta do roteiro estruturalmente equivocado. A crise doméstica afetando uma família de classe média residente naquele local da zona norte carioca poderia até render uma história de interesse humano, se fosse melhor trabalhada em termos dramáticos. Mas seu desenrolar é sistematicamente interrompida por intervenções, digamos pretensamente documentais. Apesar de interpretado pelo competente Chico Diaz, o protagonista se envolve em longas e tediosas discussões com um editor que lhe encomendara um livro sobre o bairro da Tijuca. E a narrativa simplesmente estaciona para que ele possa entrevistar Aldir Blanc, um "morador ilustre" do local (foto abaixo). Em seu desfecho a trama parece mal costurada, como se ainda faltasse um pedaço para a conclusão, deixando para a voz "em off" de um personagem enunciar o modo como o conflito central se resolveu.